As lágrimas das minhas asas não me deixaram voar
Mas minha resiliência não deixou entregar-me
A vida por vezes me desmentiu
Quis dela mais do que devia
E quis de mim mais do que poderia ser
Voei em dias de Sol
Em noites de chuva
Em tardes vazias
Madrugadas longas para uma vida curta
Desejei fugir... gritar... mergulhar em lágrimas
Mas minha resiliência não deixou entregar-me
Tornei-me uma descobridora de mim
Das minhas fraquezas e dos meus limites
Da minha falta de lucidez e da minha eterna força
Das minhas mais sensatas loucuras...
Tão imensa que nada enche o que há de fundo
Desejei sucumbir à fraqueza
As lágrimas nas minhas asas pesaram e não me deixaram voar
Mas minha resiliência não deixou entregar-me
Os subterfúgios já não me bastavam
As quedas me fortaleceram mas me tornaram fugaz
Feroz...
Felina...
Conheci o imensurável, o orgânico, o indecifrável
Tirei dos livros as palavras
E das canções as emoções
Poetizei a dor e patetiei o amor
Minha resiliência me fez assim...
Simplesmente o que sou e tudo o que nem sei o que posso ser!!!
Simplesmente Kel
Kel Antunes
Escrito em 22 de março de 2010